Marco: Gestão do conhecimento e aprendizado
O começo do jardim digital e da mentalidade de se desenvolver fortemente de maneira intencional.
Esse texto é um marco digital que conta a história do meu relacionamento com a gestão do conhecimento pessoal. Falarei sobre esse e alguns outros conceitos que estão envolvidos com essa gestão e que transformaram a forma como eu penso, estudo, compartilho informações, estruturo a minha vida pessoal/profissional e lido com o meu desenvolvimento pessoal.
Antes de começar, vou deixar uma observação muito importante.
A simples decisão de ter colocado em prática boa parte dos conceitos que apresentarei nesse texto, no mesmo dia em que tive o primeiro contato, causou uma grande evolução no meu desenvolvimento pessoal de um modo geral. Ter colocado em prática os conceitos que aprendi em artigos de blogs na internet gerou mais impacto e foi uma decisão mais valiosa do que ter lido 10 livros e não colocar em prática nada do que aprendi com eles.
De nada adianta simplesmente colecionar informações. É preciso colocar em prática. Não consolidamos o conhecimento com mais e mais leituras. Consolidamos com ação e aplicação na vida real.
Observação: Esse meu espaço na internet que chamamos de site é um jardim digital. Isso significa que esses textos não estão necessariamente finalizados e têm diversos marcadores de [semeando - 0/17] pelo texto, que representam ideias que ainda vão ser plantadas e desenvolvidas.
Contexto geral
Sempre me esforcei para ser uma pessoa organizada. Acho que isso vem desde criança, com o meu pai pegando no meu pé para não deixar minhas coisas espalhadas pela casa e sempre manter meu quarto organizado. Essa prática se iniciou no mundo físico, mas não parou por aí.
Comecei a mexer no computador cedo e, conforme fui desenvolvendo as minhas habilidades no mundo digital, passei a criar uma forma de organização dentro daquele ambiente. Inicialmente mantendo os arquivos separados em pastas, organizando links de pesquisas e projetos no navegador em pastas de favoritos, organizando a caixa de e-mail criando alguns filtros e classificações, e coisas do tipo.
Por muitas vezes tentei utilizar ferramentas online para organizar a minha vida pessoal: projetos, textos, anotações de estudos e quaisquer recursos que pudessem ser interessantes. Experimentei algumas ferramentas diferentes e só em 2020 (se não me engano), quando comecei a usar o Notion, foi que tudo mudou.
O Notion é uma ferramenta de produtividade que oferece muitos recursos e funcionalidades para gerenciamento de projetos, notas, bancos de dados e muito mais. Além de ser um exemplo de empresa e solução digital no mercado global, sempre melhorando e adicionando novos recursos e funcionalidades.
Diferente de outras ferramentas, que trazem estruturas rígidas e padronizadas, o Notion tem uma estrutura modular. Ele te entrega modelos que podem ser usados para resolver problemas padrões, mas te dá o poder de ser criativo para encontrar soluções para problemas específicos.
Ao passar a utilizar o Notion, comecei a migrar todas as informações que estavam registradas em outros sistemas e centralizar em uma única ferramenta. Isso me deu mais liberdade para criar e disposição para passar a anotar mais informações.
Com a liberdade que a ferramenta dá, fica fácil criar notas de uma forma não tão bem estruturada, que não seja muito escalável. Fazia muitas anotações, principalmente de projetos e ideias, mas em pouco tempo acabei com um Notion cheio de informações ocultas, de difícil acesso, que acabavam ficando abandonadas.
Por diversas vezes fiz modificações estruturais nas minhas páginas, tentando encontrar um formato ideal que se encaixasse bem em como a minha mente funciona. Com o tempo, fui aprendendo técnicas novas, por conteúdos na internet ou testando por conta própria, até chegar em um modelo minimamente ideal para mim, como o que tenho hoje, e que segue mudando, mesmo que pouco, mas constantemente.
Conceitos de gestão do conhecimento e aprendizado
Se o primeiro marco para a mudança na maneira como faço a gestão do meu conhecimento foi conhecer o Notion em 2020, com certeza o segundo veio em novembro de 2023, quando estava em call com um amigo trabalhando no meu site pessoal e ele me enviou o site de um cara que apresentava o conceito de jardim digital e disse que tinha certeza que eu ia gostar.
Tinha tudo a ver com a ideia de site e blog que estava pensando, mas que não estava conseguindo definir.
Tive contato com dois artigos principais:
“Eles não seguem as convenções do blog pessoal , como o conhecemos hoje. Em vez de apresentar um conjunto de artigos bem elaborados, exibidos em ordem cronológica inversa, esses sites agem mais como wikis livres, com trabalhos em andamento.”
Principalmente o primeiro link, que é um artigo muito bem produzido e embasado, que deve ter demorado dias ou semanas para ser feito. Traz aquela sensação muito boa do começo da internet, antes de youtubers e influencers virarem profissões, quando as pessoas gravavam vídeos para o YouTube ou faziam blogs porque queriam compartilhar conteúdos, informações, histórias e interagir por interagir, antes das vitrines digitais que viraram as redes sociais.
Quem viveu, viveu.
Naquele momento, no final de 2023, quando comecei a me deparar com parte dos recursos que citei acima, passei a internalizar principalmente as ideias de segundo cérebro.
E já seguindo um dos conceitos, o de jardim digital, vou plantar textos para explicar todos eles com o tempo:
Conceitos base
Conheci diversos conceitos, ideias, projetos, pessoas e muito mais lendo os links. Porém, os mais importantes naquele momento foram: o Segundo Cérebro, que comecei a aplicar no mesmo dia, criando uma estrutura no Notion e despejando algumas das ideias que estavam frescas na cabeça, inclusive a pesquisa sobre os termos citados. E o Jardim Digital, pois comecei a enxergar o meu Notion como um jardim privado, e isso mudou a minha relação com as minhas notas e o meu perfeccionismo, me permitindo escrever mais.
Passei a internalizar esses conceitos como uma filosofia de vida. Aos poucos comecei a reestruturar todo o meu espaço no Notion e a reorganizar diversas notas que antes estavam em páginas para dentro do banco de dados que representa o meu segundo cérebro.
Desenvolvimento pessoal
Na pesquisa sobre Segundo Cérebro, conheci a pessoa que criou o termo, Tiago Forte . Também conheci outro termo que ele chamou de Revisões Anuais, que não é uma ideia nova. Já tinha me deparado com pessoas fazendo revisões anuais (promessas de ano novo seguem nessa linha), mas ele faz de uma maneira mais estruturada e intencional, como um exercício de desenvolvimento pessoal.
Modifiquei o nome, comecei a chamar de Revisões de Alinhamento e passei a aplicar na minha vida. Estruturei uma frequência maior e uma recorrência, adaptei para fazer revisões mensais, trimestrais, semestrais e anuais. Vem sendo uma prática importante para me manter alinhado com os meus objetivos.
Tanto em alguns textos que li quanto no blog do Tiago Forte, acabei chegando no conceito de Gestão do Conhecimento. Isso ajudou a estruturar melhor as ideias e a construir uma boa base de conhecimento e pesquisa sobre essa prática em específico, que pude aplicar com mais técnica na minha vida.
Pesquisando mais, pensei em como poderia aplicar esse conhecimento no meu ambiente de trabalho e fui explorando a parte organizacional da gestão do conhecimento.
Com a nova estrutura do Notion que tinha desenvolvido, ficou mais claro e acessível o meu conhecimento. Pensei em como poderia aplicar esse mesmo formato de organização para a minha vida pessoal e usar o Notion como a ferramenta central de gestão de boa parte da minha vida.
Open Web
Open Source foi uma das coisas que fez eu me apaixonar ainda mais pelo universo do desenvolvimento de software. A ideia de criarmos algo de forma colaborativa, gratuita e redistribuir isso pelo mundo todo é incrível.
Conheci outros conceitos que caminham na mesma direção. Não tive muito tempo de explorá-los ainda, mas irei. Registrá-los aqui é uma forma de garantir que isso aconteça. Como esse registro está público, tenho certeza de que isso vai me motivar mais a desenvolver melhor essas ideias.
Contexto atual
Sigo estudando, desenvolvendo e praticando os conceitos como um estilo de vida, uma filosofia.
O acesso a esses conceitos me impulsionou a aplicar a gestão do meu conhecimento e da minha vida de forma inteligente e intencional, potencializando os meus resultados e mudando a forma como eu aprendo e me organizo.
Estou trabalhando novamente nos meus projetos pessoais, finalmente voltei a escrever, estou transformando o meu site pessoal em um jardim digital e em breve ele vai estar da forma como eu imagino.
Tudo isso por colocar muitos dos conceitos que apresentei nesse texto em prática. Sou muito perfeccionista e idealizador (até demais), sempre tenho muitas ideias boas e ótimas percepções, mas percebi que tudo isso não vale de nada se eu não colocar em prática. Essa é a minha tentativa.
Sempre tive receio de expor meu trabalho na internet, e isso fez com que eu tomasse tanto cuidado que deixei de simplesmente compartilhar os meus resultados e a minha evolução. Mas isso muda com a ideia de aprender em público. Dessa forma, e com o meu jardim digital, estou construindo as minhas ideias de maneira pública. Elas não estão prontas, e o processo de compartilhar, pensar sobre, escrever, ajuda a maturar a ideia e, no fim do processo, quando acabo um texto que vou deixar público no meu jardim, sempre aprendo algo novo.
Site pessoal
A primeira versão do site foi feita em 2021. A ideia era só ter um site pessoal no ar, me apresentando e centralizando o meu trabalho público pela internet. Nessa época, tinha começado a escrever no dev.to e a postar vídeos no YouTube. De certa forma, tentando aprender em público. Só na v2 que o site começou a ter um blog interno alimentado pela API do Notion em beta, porque ela tinha acabado de ser lançada na época. E agora vem a v3 trazendo esse conceito de jardim digital.
Curiosidade
Uma outra coisa que me chamou a atenção foi um experimento web que encontrei em um dos sites que passei. Nele, é possível enxergarmos uma vida de 95 anos em fileiras de 52 quadrados que representam as semanas de um ano. Achei muito interessante a ideia e gostei da noção de tempo que podemos ter ao olhar para esse quadro.
"A maneira como passamos nossos dias é, obviamente, a maneira como passamos nossas vidas.” - Annie Dillard
Essa citação está na página do experimento, ela conecta com a ideia de revisões de alinhamento e me deixou bem reflexivo, junto ao experimento fez eu analisar minha vida por um ângulo de linha do tempo.